A angústia nos tempos atuais
- Gabriela Lemgruber
- 11 de fev.
- 2 min de leitura
Atualizado: 18 de mai.

Para Lacan, a angústia está intimamente ligada à ideia de falta. Em sua teoria, todos somos marcados por uma ausência que nunca poderá ser completamente preenchida. Essa falta é a fonte de nossos desejos e, ao mesmo tempo, causa de nossa angústia. Nos dias atuais, essa falta pode se manifestar de várias formas, como a insatisfação em relacionamentos, no trabalho ou na busca por uma identidade.
A angústia se revela quando confrontamos a realidade de que muitas de nossas expectativas e desejos são ilusórios ou inalcançáveis. Em um mundo orientado por padrões e comparações, como nas redes sociais, a sensação de inadequação e o medo de não corresponder a essas expectativas podem intensificar a angústia.
Na sociedade de hoje, a angústia é frequentemente banalizada ou pathologizada. Indivíduos podem sentir-se apressados em buscar soluções rápidas, como medicamentos ou terapias superficiais, para aliviar essa sensação, sem realmente entrar em contato com suas raízes. Lacan nos encoraja a enfrentar a angústia, não como um fardo a ser eliminado, mas como uma oportunidade para explorar nosso inconsciente e entender melhor nossos desejos.
A angústia também pode ser vista como uma forma de nos conectar com o real — aquilo que não pode ser totalmente simbolizado ou compreendido. Em tempos de crise, como os enfrentados globalmente por questões políticas, sociais e ambientais, a angústia pode servir como um sinal de que é necessário um reexame profundo das nossas vidas e das estruturas de sentido que construímos.
Além de ser vista como um estado negativo, a angústia tem o potencial de nos impulsionar em direção à transformação pessoal e social. Ao aceitá-la e refletir sobre ela, podemos começar a fazer escolhas mais autênticas e significativas. Essa processualidade pode conduzir a um maior autoconhecimento e ajudar a estabelecer conexões mais profundas com os outros e com nós mesmos.
A angústia não é um obstáculo, mas um aspecto inevitável da experiência humana. Nos dias atuais, ela convida à reflexão e oferece um espaço para confrontar a falta que nos habita. Ao aceitá-la como parte de nossa condição, podemos não apenas trabalhar em nosso crescimento pessoal, mas também buscar um entendimento maior do mundo ao nosso redor.




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